quinta-feira, 30 de setembro de 2010

COMO TRABALHAR OS DESCRITORES

Trabalhar descritores implica em contextualizar alguns segmentos textuais, gramaticais fazendo a compreensão semântica e inferências pertinentes.

VIDAS SECAS
GRACILIANO RAMOS

Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos _ e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.

Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.

_Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.

Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se, na presença dos brancos e julgava-se cabra.

Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: _Você é um bicho, Fabiano.

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.

Chegara naquela situação medonha _ e ali estava, forte até gordo, fumando o seu cigarro de palha.

Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e semente de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o azendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.

Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. Olhou as quipás, os mandacarus e os xique-xiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra baleia estavam agarrados à terra.

Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.

Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que demorava demais, tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os tinha abrigado uma noite.

Resolva as questões com base no texto.

trecho para as questões 01 e02

Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes.

1.(D-03) Do trecho entende-se:

  1. Fabiano conformou-se com o pouco que arrumou.
  2. O nordestino se adapta às situações de estiagem.
  3. As pessoas sofridas alegram-se com qualquer benefício.
  4. Fabiano estava morrendo de fome, porém estava feliz.
  5. Fabiano ia conformado com a situação.

Resp: e ( Fabiano ficou satisfeito por ter encontrado um rancho. ia satisfeito, mas não feliz. Não existe felicidade diante do sofrimento e sim conformação.

2.(D-02) Fabiano no trecho representa:

a. A situação do nordestino que se desloca de sua terra à procura de emprego.

b. A satisfação de quem viaja conhecendo o país.

c. O emigrante sofrido que não desanima com os reveses da vida.

d. A persistência do homem para sobreviver.

e. Uma pessoa sofrida que se sujeita a comer raízes para sobreviver.


Resp: c Assim como fabiano muitas pessoas não desanimam e não desistem diante das dificuldades.

3.(D-07) Fabiano, personagem do livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, vive um problema social inerente aos:

a. Nordestinos

b. Pobres

c. Desempregados

d. Sem-terra

e. Retirantes


Resp: e Em todos os itens são segmentos que sofrem por problema social. Os retirantes são os que mais se assemelham a situação de Fabiano.

4.(D-08) Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se de desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. Neste trecho depreende-se que:

a. Fabiano fora beneficiado com a chuva

b. Fabiano sentiu-se desempregado com a chegada da chuva.

c. A chuva, de um certo modo, fez Fabiano ficar preocupado.

d. O personagem fingiu não entender, e se prontificou a aceitar outras ocupações.

e. A chuva só traz benefícios para os retirantes.

Resp: d

5.(D-09) Em qual das opções abaixo a situação de Fabiano não se assemelha?

a. Assim como Fabiano muitas pessoas se adaptam viver na situação de miséria, como exemplo tem os partícipes do seguro safra que querem a seca e a perca do legume, para ganhar o seguro:

b. Fabiano é uma figura que também está na escola na pessoa daqueles alunos, com menos de dezesseis anos, que não se esforçam para sair do ensino fundamental para não perder o bolsa escola.

c. Fabiano se adapta à miséria como àqueles mendigos que mesmo recebendo aposento continuam na mendicância.

d. Fabiano também está presente na pessoa do bandido, que quer permanecer no cárcere para que a família não perca o auxílio-reclusão.

Resp: c Os medingos aposentados tem certo o seu aposento permanecendo ou não na mendigagem. Os outros, não

6.(D-08)”Um vagabundo empurrado pela seca.” Sobre o significado desta expressão pode-se afirmar que o autor foi infeliz ao usá-la :

a. Fabiano é vagabundo porque não enfrenta a dureza.

b. Fabiano é vagabundo porque anda passeando de fazenda em fazenda.

c. As Vítimas da seca se tornam vagabundas.

d. Vagabundo é aquele que não se adapta a nenhum emprego.

e. Vagabundo é um termo muito forte para qualificar as vítimas da seca.

Resp: e

7.(D-14) Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.
O sentido da frase acima permanecerá inlaterado, mesmo se substituirmos o vocábulo destacado pela expressão
a. de modo que
b. sem que
c. tal qual
d. para que
e. logo que
Resp: c

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PERFIL DE GRACILIANO RAMOS


GRACILIANO RAMOS

Nasceu em 1892, em Alagoas.
Casado duas vezes, sete filhos.
Altura 1,75.
Sapato n.º 41.
Colarinho n.º 39.
Prefere não andar.
Não gosta de vizinhos.
Detesta rádio, telefone e campainhas.
Tem horror às pessoas que falam alto.
Usa óculos. Meio calvo.
Não tem preferência por nenhuma comida.
Não gosta de frutas nem de doces.
Indiferente à música.
Sua leitura predileta: a Bíblia.
Escreveu "Caetês" com 34 anos de idade.
Não dá preferência a nenhum dos seus livros publicados.
Gosta de beber aguardente.
É ateu. Indiferente à Academia.
Odeia a burguesia. Adora crianças.
Romancistas brasileiros que mais lhe agradam: Manoel Antônio de Almeida, Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rego e Rachel de Queiroz.
Gosta de palavrões escritos e falados.


Fuma (três maços de cigarros por dia).
É inspetor de ensino, trabalha no "Correio do Manhã".
Apesar de o acharem pessimista, discorda de tudo.
Só tem cinco ternos de roupa, estragados.
Refaz seus romances várias vezes.
Esteve preso duas vezes.
É-Ihe indiferente estar preso ou solto.
Seus maiores amigos: José Lins do Rego e José Olympio.
Tem poucas dívidas.
Ao ser prefeito de uma cidade do interior, soltava os presos para construírem estradas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

DEPOIMENTOS SOBRE O SPAECE 2009

DEPOIMENTOS:

Augusto Oliver Furtado, de 17 anos, é um dos que atingiu a média adequada. Ele disse que achou a prova fácil, tanto que o próprio simulado que a escola realizou foi mais difícil. "Fui confiante para a prova, sabendo que tinha capacidade de conseguir. Mas, quando soube que ganhei um computador, não acreditei, fiquei tão feliz que quase chorei de alegria". Escola Adauto Bezerra Fortaleza.

Alisson Miguel, de 15 anos, sequer lembra que fez o teste. Já o jovem Alexandre Alves, de 16 anos, que está repetindo o 9º ano, considerou a prova muito difícil. Triste, ele relatou que, em junho, um amigo morreu assassinado com dois tiros na cabeça. "Foi marcante, ele era da nossa sala, mas não se interessou pelos estudos, envolveu-se com drogas. A partir daí, comecei a me interessar mais pelos estudos, vi que bagunça não é legal", admitiu, dizendo que, na sala, há muita brincadeira. Escola Maria da Conceição Porfírio Teles, da Aerolândia